sábado, 7 de janeiro de 2012

In memoriam, Dalida


Yolanda Christina Gicliotti, filha de imigrantes italianos, veio pelo Cairo em 17 de Janeiro de 1933. Embora seus maiores êxitos sejam em francês, a língua materna é o italiano, também tendo cantado com tranqüuilidade em alemão e árabe, mas seu repertório conta com dez idiomas, no total. Curiosamente, "Alabama Song", "Money Money", "Let Me Dance Tonight", e "Kalimba de Luna" não foram lançados na Inglaterra nem nos Estados Unidos. Perdeu o pai, violinista, aos doze anos.

Apostou na carreira de modelo em 1950, em 1954 foi coroada Miss Cairo. Convidada para filmes na Europa, fez aulas de canto e se descobriu, quando adoptou o cognome Dalila. A carreira no cinema naufragou, mas começou  acantar em cabarés italianos e foi encontrando o caminho sozinha. Em Paris, participou de um programa no Teatro Olympia, para jovens cantores, onde cantou "Estrangère au Paradis" e encantou Bruno Coquatrix, que a apresentou a Lucien Morisse e Eddie Barclay, que a fizeram decolar na carreira, finalmente como Dalida. O single "Madona" teve um sucesso discreto, o segundo "Bambino" arrebentou a boca do balão, ficando por quarenta e seis semanas entre os dez mais vendidos na França. De então, sua carreira foi plena.

Infelizmente não se pode dizer o mesmo de sua vida pessoal. Teve um romance por muitos anos com seu produtor Lucien Morrice, que era casado e pai. Quando se divorciou, cumpriu o prometido e casou-se com ela. O problema era a extrema passionalidade de Dalida, que a fez sentir-se abandonada, posta em segundo plano pelo vício do marido, um trabalhólatra patológico. Resultado: ela se interessou por outro. Se separram em 1964 e ele se matou em 1970. Sim, ela ficou muuito abalada, refugiou-se no seu concorrente, o trabalho, apresentando-se até em Hong-Kong e Vietnan. Lotar o Olympia já era rotina. A carreira no cinema também alcançou, desde então, um razoável êxito.

Teve um romance com Luigi Tenco, que passou cinco anos trabalhando na canção "Ciao amore ciao", que cantaram juntos, mas foi desclassificada em Sanremo, em 1967. Ele se suicidou. Ela também tentou depois, fingindo que viajaria, se hospedando no hotel Principe di Galles (onde se hospedara com ele) e ingere doses maciças de medicamentos. Uma camareira que percebeu as luses acesas por mais de quarenta e oito horas, deu o alarme e evitou o pior. Dalida escrevera uma carta ao ex-marido, uma à mãe e outra ao público. O público a erecebeu de braços abertos, quatro meses depois, comovido com o acontecido e suas motivações.

Em 1976 gravou "SAlma Ya Salama" em francês, com forte inspiração árabe. O sucesso foi tamanho que a gravou em outros idiomas, inclusive integralmente em árabe. Depois gravou originalmente em árabe "Helwa Ya Baladi" e "Ashan Nas". À ela os cantores árabes de hopjes devem a quebra da barreira que sua cultura tinha, no mundo ocidental. Enfim, a carreira profissional era a porta para o paraíso de uma mulher extremametne emotiva, passional e geniosa, que tinha com os fãs uma relação quase familiar.

Seu romance com o cantor Richard Chanfray é até uma lição para as moças de hoje. Ele se mostrou, em pouco tempo, um homem agressivo, machista, irascível, que batia de frente com a independente e auto-suficiente Dalida. O romance doentio se prolongou graças às convincentes cenas de arrependimento que ele promovia, comovendo o coração de uma mulher boa e apaixonada. Moças, não caiam nessa. Quando consegiu se livrar dele, veio à tona sua excentricidade; se dizia alquimista com poderes alquímicos plenos, capaz de ressuscitar as pessoas e que era a reencarnação do conde de Saint Germain... O simples facto de querer dominar a moça, já denunciava seu desequilíbrio mental. Suicidou-se em 1983.

A alegria, o optimismo e a beleza que transmitia ao público, escondia uma pessoa deprimida e melancólica, que só conseguia atrair homens problemáticos e suicidas. "Je Suis Malade" foi o que melhor traduziu sua vida, à qual tentou agarrar-se com todas as suas forças. Infelizmente a doença foi maior do que seu amor pelas pessoas e tomou uma overdose de barbitúricos em 1987, com a beleza vigorosa aos cinqüenta e quatro anos, finalizando três décadas de sucesso estrondoso e deixando milhões de admiradores órfãos. Hoje, seu irmão Bruno, conhecido como Orlando, administra seu legado.

Yolanda era uma mulher com sensualidade muito intensa e à flor da pele. Isto, combinado ao seu comportamento em público, a acolhida que dava aos fãs, o tipo de mensagem que conseguia passar, a fazia parecer um oásis, um porto seguro onde se poderia refugiar de um mundo que, já na época, estava se tornando desnecessáriamente complicado e neurótico. A tentativa de dominar esse paraíso acabava mostrando o inferno que seus homens tinham dentro de si, do qual sua imaturidade não lhes permitia abrir mão. Seu bom coração a fazia tolerar muito, mas custando-lhe caro.
Neste mês ela faria setenta e nove anos. Em vez de chorar, ou dar conversa para aqueles que querem tomar para si os poderes de D'us, vamos cantar com ela.



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