quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A escola da ficção - especial "ironia"

Em nossa nova fase, tentaremos abordar assuntos mais correlatos à cultura popular, como Nanael já avisou.

Assim, retomarei um de meus assuntos preferidos: a escola da ficção, hoje abordando o tema "ironia".

Não sei se vocês já notaram, mas a falta do hábito da leitura apontada ali no SAL se estendeu a outros documentos além do escrito. Imagens e palavras também se lêem, no sentido de compreender a mensagem proposta. A ironia é uma figura de linguagem que tem sido muito mal compreendida: às vezes nem se apontando que a imagem/palavra é uma ironia o desanteto letor/espectador a capta.

Resultado? Reclamações infundadas por um lado e facilitção da figura de linguagem por outro; mais precisamente: seu empobrecimento até o limite do óbvio quase literal. Temo que em breve as figuras de linguagem serão dispensadas.

Enfim, vamos ver cinco exemplos que a ficção recente nos traz como ironia:



1. A garota chatinha e voluntariosa implica do nada com uma jovem que recentemente entrou na mesma escola que ela. Diz que é provocada pela rival (e às vezes é mesmo). Espalha fofocas sobre sua rival e as suspeitas de que ela é amante de seu pai. A rival é o quê da menina chatinha? Hum? Difícil adivinhar, não? É irmã! Ohhhhhhhhhhhhhh!



2. O vilão humilha sua amante-assistente até dizer chega. Ela finalmente cai em si. Arruma um casamento mlionário. O vilão cai em desgraça e ela compra na surdina a empresa/marca de quem???? ah, isso mesmo! Do vilão, que, ato contínuo, traçará um plano para reconquistar o amor dela. E conseguirá. Ou... será um plano dela fingir que caiur na armadilha. Nem um pouco previsível, como se percebe.



3. Outro vilão traça planos sórdidos e bem elaborados para destruir a vida de uma pessoa/família que prejudicou tanto seu pai/sua mãe. Até que finalmente são descobertos documentos que provam que tudo foi uma grande mentira e que seu pai/ sua mãe é que são os grandes canalhas da história. Incrível, não?



4. O mocinho rico e mimado despreza a jovem feiosa/pobre na juventude. Ela cresce, fica linda e rica e ele acaba dependendo do dinheiro/talento dela para evitar sua falência. No final, acaba se apaixonando por ela. Aposto que você jamais imaginaria isso.



5. O mocinho que duvidou da integridade da mocinha durante a novela inteira e sempre acreditou que o filho dela fosse de outro homem subitamente descobre que a criança sofreu um acidente ou tem leucemia. Resolve doar sangue/medula e descobre que o menino é.... o quê, o quê, o quê???? Isso mesmo, filho dele! Como você adivinhou?


"Em breve, serei linda, rica e me casarei com o mocinho"



Pelo menos, Betty, a feia (a original!) era deliciosamente tosca.

2 comentários:

Nanael Soubaim disse...

A ironia fina é uma linguagem em franca extinção.

Adriane Schroeder disse...

Não é?
Saudade da boa e velha ironia.