sexta-feira, 20 de novembro de 2009

The World Needs a Hero III

E voltamos a falar de heróis...

Não consigo prosseguir sem citar uma frase inesquecível de Homer Simpson: "Se você está realmente aí, em algum lugar, eu realmente preciso da sua ajuda, Superman!"

Finda a pequena digressão para fins terapêuticos, voltemos ao texto.

Quando se estuda Mitos, sejam eles de que origem for, acaba-se chegando a certas conclusões. Uma delas, que eu vou evidenciar mais neste texto, é a conclusão tirada por Carl Gustav Jung.

Em todas (ou quase todas) as culturas existem mitos, contos, folclores que se repetem. Estórias que mudam de nome, de lugar, de personagens. Mas trazem a mesma mensagem. Sempre o mesmo momento de decisão, sempre o mesmo símbolo.

Pra citar um exemplo básico (e um pouco tosco), tomemos Ogum, Deus do Ferro e da Guerra na nação africana Nagô. Na Mitologia Grega, temos Ares (ou Marte, para os romanos) no mesmo papel. E ainda Thor, na mitologia nórdica.

Claro que nesses 3 casos, os mitos de cada uma dessas divindades são diferentes. Mas em todas, eles são Heróis. E Jung falava exatamente desses pontos em comum. Do mesmo jeito que existem os heróis, existem os vilões. Existe a vítima. Existe o Sacerdote. Existe aquele que se sacrifica, etc, etc, etc...

A essas repetições, Jung chamou de Arquétipos.

Pra facilitar a compreensão e diminuir consideravelmente o texto, vamos dizer que essas estórias se repetem em todas as culturas, demonstrando que o comportamento trazido pelos personagens das estórias repete-se em todas as culturas dominantes. Dominantes, porque se mantiveram.

Os Heróis nem sempre são bons, nem sempre seguem o mesmo padrão cultural, nem sempre seguem as mesmas atitudes.

Por exemplo, Jesus Cristo foi um Herói que deu a vida para a redenção da Humanidade. (E só pra constar, pessoalmente, Jesus não é apenas um herói arquetípico. Apenas estou falando sobre isso no texto.)

Já seu equivalente africano, Oxalá (ou Orixalá), num dado momento da lenda, se embriaga e quase estraga a construção do mundo, que ficou nas mãos de Exu. Exu que é (para muitos) equivalente ao Hermes grego.

As equivalências e concordâncias são tantas que escapam ao controle do mero acaso.

Mas no fim das contas, porque realmente precisamos de heróis?

Porque eles nos mostram o que fazer, nos mostram que não devemos desistir.

São eles que constroem a atitude moral de um povo, de uma civilização. E se chegamos até aqui, é porque vários deles construíram, um após o outro, condições e regras morais que nos mantiveram vivos e seguindo em frente.

Digam o que quiserem, mas Moisés fundamentou todo um mundo que seguimos até hoje.

Jesus Cristo complementou ensinando que apesar das regras, o Amor deve estar acima de tudo.

Sim, temos o Oriente. E Buda, Krishna e Maomé fazendo o mesmo papel. Sim, Maomé não é exatamente do Oriente, mas o Islamismo é muito forte por lá.

Sem contar as culturas tribais que ainda se mantem, mesmo no nosso mundo "globalizado", como as tribos africanas, aborígenes, e indígenas, em toda a extensão das Américas. Que ainda que tenham sido cristianizadas, ainda mantem sua cultura, misturada a cultura européia. Mas ainda restam algumas coisas.

Num mundo globalizado, onde tudo tende a se misturar, as pessoas estão sem saber que Heróis seguir. Não sabem se se mantem presas aos antigos heróis, ou se apegam aos novos que estão sendo distribuídos.

Se perdem moralmente.

Por isso, nós precisamos de um herói. Com urgência.

Carl Gustav Jung: "Sim, Fio. Concordo com você."

2 comentários:

Nanael Soubaim disse...

Pior do que não saber que herói seguir, é um grupo corromper/idiotificar/antipatizar o herói para vender revistas e filmes.

Adriane Schroeder disse...

Muito bom, Fio!
Fazia tempo que não tomavas este tema...
Nem de longe sou Jung, mas também concordo contigo.