quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Talicoisa também é cultura- parte 2*

No texto anterior, tratou-se de cultura e identidade, dois pontos que podem ser usados tanto para a opressão como para o enriquecimento do humano; infelizmente, este último aspecto tem sido renegado por nossa espécie. Estamos vivendo num momento em que a globalização aparentemente irá pasteurizar a cultura, a identidade dos povos e a própria história. Tudo terá o mesmo gosto, a mesma aparência, num imenso franchising ? Por outro lado, as manifestações de desrespeito cultural, que alguns chama de intolerância e eu chamo de preconceito mesmo, chegam a níveis absurdos.


Contudo, aqui será abordada a parte positiva da diferenciação, do que se pode aprender com ela. É preciso ponderar que o excesso de igualdades, de semelhanças, é estranho às sociedades. A diferenciação faz parte da própria natureza, em que se inclui a humanidade, apesar de todo esforço que fazemos no sentido contrário.
Diferenciar-se, de certa forma, é sobreviver, mas como se diferenciar neste contexto de globalização?


No campo do marketing, por exemplo, é vital fazer-se diferente, destacar-se, mostrar de si o que é específico e o que o torna (o produto, a pessoa, o local) mais saboroso, mais interessante que os outros. Neste sentido, vários locais estão dando passo acertado e muito produtivo, em diversos sentidos; começou a olhar para si mesmos, para sua própria história, sua geografia, sua memória, suas cores, seu povo, enfim: sua cultura, sua identidade. Neste ponto, cabe uma pergunta: a que distância está a história de nós?


Por muito tempo, ensinou-se que a história pertencia unicamente ao passado, e era feita pelos grandes homens. Estudava-se ou aprendia-se história apenas por curiosidade, ou por obrigação curricular, sendo também vista como totalmente estanque com relação à vida dos que a liam e com relação às demais disciplinas. A tendência atual é aproximar a história das pessoas, do dia a dia de cada um de nós, de nossa identidade.


A utilização da história e da cultura no chamado turismo cultural insere-se nesta tendência, que coincide também na busca dos países pela sua identidade, a qual vem se acelerando, impulsionada pelo processo conhecido como “globalização”. Como diferenciar-se neste contexto?


Como resposta, os países e mesmo empresas elegeram as questões culturais, de definição de identidade e origem nacionais, de valorização da história e dos costumes, que estão cada vez mais presentes na mídia. Cabe-nos não fechar os olhos a esta tendência, mas sim saber como a utilizar de forma positiva.
Praias há por toda parte, assim como centros de compra e cinemas. Mas cultura, cada povo tem a sua. Por que iríamos nós esquecer a nossa? Investir em turismo cultural é, a um só tempo, valorizar a terra e o povo nativo e atrair o turista de uma forma inteligente e com sabor de aprendizado do que é o humano em suas múltiplas variantes.


Profundamente ligadas à história e à vida das pessoas, a cultura e a identidade, dela derivada, são as fontes mais ricas, de onde precisamos beber. Permear com ela as relações diplomáticas, comerciais, financeiras, educacionais e pessoais é preservar, com sabedoria, um aroma muito próprio, que nos distinguirá em meio à multidão.


Como dizem os franceses, “Viva a diferença!”.


* Adriane ainda está na praia, enquanto os outros Talicoisers suam de sol à sol pra manter o blog em dia. Ela vai pagar por isso.

2 comentários:

Nanael Soubaim disse...

Ser diferente (ou original) é extremamente difícil, requer muita petulância e desapego.

Adriane Schroeder disse...

Com certeza, meu amigo.
Mas vale a pena.
Fio, eu posso pagar em mariolas?
:P