quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Las Primeras Luces

Eu ainda consigo lembrar a sensação de ler Fitzgerald em plena madrugada, com as luzes apagadas, as páginas amarelas iluminadas apenas pela lanterna do celular. (Não queria que a mãe acordasse pela manhã e percebesse que eu passara a noite em claro).

O silêncio dessas noites era tão absoluto que às vezes meus ouvidos zuniam. Exceto por latidos dos cães da vizinha, ou mesmo pelo som de outros bichos notívagos, como eu. As palavras do Grande Gatsby tinham uma força imensa e a minha mente era tragada pelo conto. O pensamento escorregava solto, livre. Tanto que a leitura precisava esperar as pausas dos vôos, teimosos em imaginar até o que estava bem além do papel.

A madrugada também foi conivente com muitos outros mundos particulares, sempre ombreados pelo silêncio surdo da cidade que dorme, da gente que recarrega as baterias, que finalmente põe os motores em stand by. (Foi numa dessas que a Ingrid Bergman sorriu pra mim – um olho escondido pela aba do chapéu).

E já muitas cenas que a madrugada cala, para além das páginas, afora as telas... Sabe Deus que noites de gala não se fazem ouvir, escondidas na penumbra, aqui do sofá da sala.


4 comentários:

Edu disse...

Lindo, Dave.

Eu lia isso e lembrava do álbum do Smashing Pumpkins (apenas o título, ok? bjs) "Mellon Collie and the Infinite Sadness". Como vc é uma pessoa inteligente, sacou a brincadeira das palavras...

Mas enfim... Lindo texto, Dave. E é bom ter vc de volta.

Adriane Schroeder disse...

Inspirado, Coelho!
Dá até vontade de ficar acordada enquanto a aurora não vem...
Bom ter vc por aqui de novo bjs!

Nanael Soubaim disse...

Venho por meio deste, requerer a continuação do texto supraexposto.
Sem mais por agora;
Nanael Soubaim.

fabio_ disse...

Nós fazemos samba até mais tarde e temos muito sono de manhã.

Eu ia dizer um monte de coisas. Melhor fazer um post delas.

(ei, obrigado por me fazer companhia madrugadas adentro)