quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sendo a mais velha

Não sei se vocês sabem, mas eu sou a primogênita da família. E unigênita, visto que meus pais não tiveram outra filha mulher.
Ser "a mais velha" é algo muito interessante por um lado, mas também um bocado chato por vários outros.
É interessante porque a gente pode usar do bom e velho despotismo pra cima dos menores porque, afinal, você é o mais velho e eles têm que lhe obedecer. Com os pais da gente dizendo isso de si mesmos, dos tios, primos e afins, seu argumento é facilmente sustentado quando você está a sós com os pestinhas caçulas. Botar a culpa neles também funciona bem, pelo menos enquanto não aprendem usar as mais terríveis armas jamais inventadas pela humanidade: o beicinho e cara de injustiçado do coitadinho que é tão pequenininho e não sabe o que faz. E aqui começa uma pequena parte do inferno dos mais velhos, que terão, para todo o sempre em sua vida, que ouvir coisas assim:
"Você é o mais velho. Tem que dar o exemplo". E isso independente do fato de que o pobrezinho em questão está com dezoito anos nas fuças.
"Leve seu irmãozinho". Frase temida por 10 entre 10 irmãos mais velhos, isso significa desde um mala a pegar no seu pé durante toda brincadeira, arrumar briga e voltar pra casa lacrimajando até empate de namoro.
"Ele não gosta/não sabe fazer ainda". Especialmente ouvida pelas filhas mais velhas, que vêem suas mães criarem reizinhos que têm que ter o bife cortado, a casca do pão retirada, a cama arrumada - por outra pessoa, mas preferencialmente por você, é claro.
"Ajuda teu irmãozinho". Variante da anterior, que algumas vezes também significa auxílio nos deveres - e que alguns dos caçulas usam como expedientes para ter toda tarefa feita por nós, que não temos paciência para ensinar e queremos nos livrar das lições escolares que agora vêm em dose dupla, como se a gente precisasse delas em dobro... prunft!
E, mesmo quando você estiver com 80 anos e o mala com 79, você ainda será o mais velho. Ouvirá piadas sobre a terceira idade desde os vinte anos e terá para todo o sempre as terríveis palavras "mais velho" inscrita em sua fronte com letras de fogo.
Mas ai de quem falar mal de meus irmãozinhos* ou ousar tocar neles!
(*Atualmente, nenês com 35 e 36 anos cada).
Para ouvir sobre problemas com irmãozinhos e mães:
Mamma Maria (eeeeeeeeeee!)

4 comentários:

Anônimo disse...

Ah, este texto disse tudo, falou ao meu coração de irmã mais velha... Além disto, o caçula sempre vai ser o bebê, não importa se ele já tem 25 anos e mora sozinho (tá, estou falando do meu irmão).

Nanael Soubaim disse...

Feliz de ti. Da primogenitude eu só tenho os ônus.

Luna disse...

Eu também sou a mais velha e a única menina.

Mas aqui em casa nunca teve esse negócio de eu ter que fazer as coisas pros meus irmãos. Meu pai até queria que fosse assim, mas minha mãe não permitiu. Minha mãe é MARA!

No fim, ser a única menina trouxe vantagens, como ter um quarto só pra mim, quando a casa onde morávamos era menor.

Dos meus irmãos, só cuidei mesmo do menor. Porque eu já tinha 20 anos quando ele nasceu.

Adriane Schroeder disse...

Sei como é, Josei. meus "irmãozinhos" também têm a escusa da "caçulice" ao lado deles.
Nanael, os ônus sempre são pesados por demais. Mas os primogênitos acabam ficando fortes por conta disso (pelo menos eu me iludo com a idéia).
Luna, tu não passaste por nadica disso, Luna? Fiquei fã de tua mãe MARA!
Aqui não tínhamos o pai, então essa era mais uma desculpa a cobertar tudo que os caçulinhas faziam.
PES-TES!
:-P