sábado, 11 de outubro de 2008

Reciclasa

Finalmente tenho internet de novo, embora não ainda em meu computador. Mas vamos lá.
Um assunto assaz agradável para mim é falar de casa. Planos, sonhos, perspectivas e tudo mais. Nossa amiga Marina-some-some, que eu sei que anda lendo anonimamente, vai me dar razão: uma casa que tem o suor e a criatividade de seus donos, tem mais chances de se tornar um lar.
Acontece que dinheiro ainda não cai do céu, e casas costumam demandar uma gaita legal para sair do papel. E mesmo para entrar no papel, o arquiteto cobra uma nota. Por isto mesmo planejo, quando for construir, usar material reaproveitado. Eles já foram expostos às interpéries, então as energias (por assim dizer) ruins já foram recicladas pelos elementos. Bicho, o que tem de baratinho dando sopa por aí não é mole! Uma certa igreja polêmica, em um de seus templos, chegou a jogar enormes placas de mármore fora, só porque tinham pequenas falhas em uma ou duas pontas. Dava para marmorizar uma cozinha inteira.
Este foi o exemplo mais contundente de desperdício que eu já presenciei, mas outros menores, mas não muito, se dão todos os dias pelo mundo todo. O Brasil não tinha mesmo como ser excessão.
Por ainda não ter meu lote, não tenho onde armazenar o material que encontro, mas asseguro que é cousa fina. São azulejos, branquelejos, amarelejos, decoradejos, vigas, pilares, postes de concreto, portas, tijolos maciços, enfim; é material para dar com pau. Dá para construir um muquifo batuta. Não, não estou delirando (desta vez) muita gente faz isso. Na verdade, daria até para ousar com materiais e projectos mais arrojados ou inusitados. Exemplo: usar vidros da Kombi no banheiro. Vidros automotivos são muito mais grossos e resistentes do que a regra do mercado de construção, e em um desmanche se acha por uma bagatela. Pneus empilhados e revestidos com lona como banquinhos, pneu descartado vocês todos já viram aos borbotões. Pneus no alicerce, preenchidos com terra e pedra, asseguro que a durabilidade é para arqueólogo algum botar defeito, sem contar que torna mais fácil um eventual reparo. Refletores de faróis como luminárias, óbvio. Umas geladeiras sucateadas forneceriam muita material para isolamento térmico e acústico. Enfim, a lista não teria limites.
A minha casa, pretendo fazer no estilo da prefeitura de Blumenau, a mais bela do país na minha opinião. Plantarei um jardim de flores e ervas na frente, no quintal haverá ao menos uma árvore frutífera, grama em vez de cimento e uma piscina, quem sabe aproveitada de uma caçamba de caminhão. Por dentro será tudo arregaladamente germânico, inclusive nas latas de biscoito enfeitando a cozinha. E já que boa parte do material sairá das ruas, serão cinco suítes, três no segundo pavimento, para não haver problemas quando os mostrinhos que terei trouxerem os amigos para dormirem em casa, ou quando a patota do Talicoisa quiser conhecer Goiânia sem gastar com hospedagem.

4 comentários:

Rafaela disse...

A prefeitura de Blumenau é mesmo bonita, a daqui parece uma caixa de sapato espelhada ;/

Luna disse...

Eu me candidato a ir conhecer Goiânia sem pagar hospedagem! E ainda levo pinhão, quer?

Luna disse...

Gente maliciosa, atenção! O pinhão a que me refiro não é o do Malfoy.

Adriane Schroeder disse...

Usar sabiamente esses objetos é um desafio.
Tem alguns lugares que conheço que têm material de demolição, e são verdadeiramente lindos!