sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Platônico

Eu a vejo todos os dias. Todos os dias, sentada no mesmo lugar. Todos os dias, vendo as pessoas, que às vezes são iguais, às vezes são diferentes. Ela se senta na cadeira, colocada na porta de frente do mini-mercado de bairro, em que trabalha.

Tem um monitor de LCD de 17" à sua frente, usado para fazer cadastros de clientes que queiram o cartão do mini-mercado, que oferece a vultosa quantia de R$ 60,00 de crédito para o cliente que o tiver. Além é claro, da possibilidade de parcelar as compras. Coidipobre master.

Mas isso não importa. Ela, como todos nós, está lá. Lutando pela sobrevivência. Como todos nós.

Ela tem 1,62m de altura. Cabelos pelos ombros, castanho claros, com mechas loiras (pra quem olha, dá um efeito meio ruivo). Olhos esverdeados. A pele bem branca, em alguns dias, avermelhada, devido ao Sol. Uma boca linda, carnuda. Daquela que desperta desejos nos homens. Um sorriso perfeito, dentes alvos. E uma voz doce.

Doce...

Todos os dias, eu a vejo. Todos os dias. Duas vezes. E nessas duas vezes, minha vontade é me ajoelhar em frente a ela, e agradecer à Deus, por ser homem, e por enxergar.

Seu corpo não é igual ao das modelos magricelas, que são apenas cabides para roupas. Mas ela também não seria modelo de capas de bujões de gás. Tem um corpo na medida. Na medida pra mim.

Seios voluptuosos. Adoro. Cintura fina. Quadris largos. Um "violão", como se dizia antigamente.

Mas ela não abusa de sua beleza, ou de seus atributos. Não é o tipo de mulher que se exibe. Apenas está lá. Trabalhando. Suando. Lutando pela sobrevivência.

Seu uniforme, a pequena camiseta pólo laranja, com o logo do mini-mercado, é preenchido pelas suas formas.

Mas ela não abusa de seus atributos. Outras colegas usam o uniforme em números menores, que marcam o corpo. Ela não.

Percebe-se seu corpo. Mas ela não parece se oferecer, como suas colegas.

Ela tem um brilho frio no olhar. Não sei se é tristeza. Se é cansaço. Ou depressão. Talvez nenhum. Talvez todos juntos.

Eu nem sei o nome dela.

Mas vou todos os dias ao mini-mercado. Duas vezes. Pra poder ver seu sorriso, ouvir sua voz.

E pensar em ajoelhar e agradecer à Deus.

E torcer para o dia seguinte se repetir. E tudo acontecer de novo.

E lá fica ela, a sonhar...

8 comentários:

Davi Coelho disse...

Sincero e engraçado, Fiodoxó Sonrisal Colesterol.

;* bjsteligo

Anônimo disse...

E bem coisa de bundão mesmo.

Erico disse...

Hahahauhaa

só o fio mesmo
vai lá valentão, canta ela...

Luna disse...

Eu já tive mais amores platônicos do que carnais (?) na minha vida. Amores platônicos são como um sonho, a gente decide tudo o que vai acontecer e a pessoa nunca tem defeitos.

Francisco Castro disse...

Olá, gostei muito do seu blog e de sua abordagem.

Parabéns!

Um abraço

Louise Mira disse...

Quer um conselho?

Vai lá falar com eeellaaa!!

=D

seja feliz!

sucesso!

http://rosas-inglesas.blogspot.com

Edu disse...

Tô tentando, Luly, tô tentando...:P

bjs

Grace Simpson disse...

Eu já tive pelo menos uma dúzia de "amores" platônicos, é engraçado como a gnt pode se apaixonar por quem nem conhece...
Mas assim, deixando meu lado Mirtes casamenteira aflorar...Se não consegue falar, manda um bilhetinho!!;)