sábado, 26 de julho de 2008

A Segunda Guerra... do quintal

Os tanques avançavam ferozmente. Richard podia imaginar as gargalhadas que o Capitão Fritz dava a cada alvo destruído.
Sua tropa era praticamente a única restante. Eram homens e mulheres tenazes, fiéis e muito unidos. Mas os calhambeques de que dispunham não eram páreo, todos juntos, para um único Panzer. Mas que diabos! O que estamos fazendo aqui? Bradava Richard. Insistiu para que desembarcassem na Grécia, já que os nazistas estavam muito ocupados, tentando socorrer o incompetente do Mussolini. Mas não! Aqueles idiotas mandaram mil jovens, então cheios de vida pela frente, para o caldeirão de ira que se instalou na itália. Lhe restam trezentos soldados, se muito. Não teve tempo para contar, só estima pelos gemidos de dor que ouve, estão todos feridos, alguns com grande gravidade. Só lhe resta rezar, enquanto o ruído dos projéteis se aproxima mais e mais. Não sabe dizer se a agonia da espera é pior do que a morte iminente, mas é terrível, tanto quanto ter que manter a pose de comandante, isso lhe consome energias preciosas. Pensa na noiva que deixou em Rochester. Tinham planos para se mudarem para San Francisco assim que se casassem. Mas não, não deixaram. Até o Studebaker azul está à sua espera, na garagem. Só teve tempo de tirá-lo da loja e ler a convocação. Isso no início da guerra. Já é 1943 e soube que estão ambos ainda à sua espera, Audrey e o coupê. E sua mãe? Cada esplosão que ouve o faz lembrar dos prantos de Elizabeth Montgomery, sua Golden Betty. Ela já não irradia mais a alegria que lhe rendeu o apelido.
Pelo menos encontraram um subterrâneo onde puderam esconder os civís, não sabe por quanto tempo. Fecha os olhos e começa a rezar, em silêncio, esperando por um milagre. Eis que uma silhoueta feminina se apresenta e se agiganta! Mas é sua mãe! Sua Golden Betty...
- Não acha que já guerrearam o suficiente? Vamos, se lavem que o almoço já vai sair.
Os garotos recolhem seus brinquedos e vão tomar banho. Adoram representar as histórias que o pai conta da guerra. Aprenderam português em homenagem aos malucos da FEB, que se meteram no peito e na raça onde não foram chamados e salvaram a tropa e os civís.

3 comentários:

Edu disse...

Como sempre, um grande texto, Mago das Planícies.

Mas diz aí. Quando vc vai parar com a frescura e aceitar vir pro Talicoisa de uma vez?

Um fraterno saravá.

Aranauam.

Nanael Soubaim disse...

Mas já estou no Talicoisa! Ou não estou? Eu creio que estou, mas um homo analogicus pode se enganar na internet.

Luna disse...

As mães têm mais poder do que qualquer general.