quarta-feira, 16 de julho de 2008

Da Arte de Gostar das Coisas

Alexandre Soares disse recentemente que é difícil discorrer sobre alguma coisa que você realmente gosta, sem parecer um tonto. De fato é muito complicado falar sobre alguma coisa pela qual você é fissurado, sem deixar que o entusiasmo tome conta da sua fala e você pareça deslumbrado, ou um “bobo alegre”, nas palavras do Alexandre. Talvez ele tenha razão quando diz que é mais fácil falar sobre alguma coisa que você não gosta, do que sobre as que você tem paixão.

E o texto (que você pode ler AQUI, depois que acabar de ler este) me fez pensar no quanto é importante ter coisas a tietar. Ter símbolos pra idolatrar, é o máximo. E talvez seja mais “saudável” que essa idolatria que te leva pro céu ou pro inferno. Eu falo de ter uma camiseta com o nome da tua banda preferida. Coleções de dvds dos filmes que marcaram tua vida. Sapecar um wallpaper no teu computador com a cara lavada do teu ator/atriz mais querido(a). Ler anualmente O Poderoso Chefão e ter metade das falas decoradas.

Essa aparente coleção de quinquilharias meramente materiais tem um valor que suplanta qualquer espécie de sacrifício que você teve que fazer pra guardar grana e ir a um show do Weezer, por exemplo.

Tem um valor emocional incrível e contribui sobremaneira para a qualidade de vida de cada humano. Tanto dos que se dão conta disso, quanto dos que simplesmente choram ao ver o Dustin Hoffman em Kramer X Kramer, sem se importar tanto com a dimensão que esse amor Fã – Ídolo tem.

E dividir isso com os outros também tem seu significado. Encontrar gente que gosta das mesmas coisas, e trocar figurinhas tietísticamente é muito mais que um exercício de jogar papo fora com amigos.

Ainda que seja complexo falar de coisas que se ama, é de uma importância que não dá pra expressar nem pelo pôster colado na parede do quarto, nem pela camisa surrada com o símbolo dos Strokes, nem por qualquer coleção de dvds que seja. Esses referenciais devem servir pra construir a imagem de quem somos, além de montar o acervo de histórias pra contar aos netos. Tietemos, pois.

Beatles ao vivo em Nova York, 1965. As tietes que ali tietavam, não tietam como as de cá.

8 comentários:

Edu disse...

Belíssimo texto, Dave.

Leve, porém profundo, e tranquilo.

Daqueles que te faz pensar em coisas boas, ao invés de tanta loucura que tem no mundo.

Parabéns, como sempre.

bjmeliga

Fabiana disse...

É importante compartilhar coisas das quais gostamos. Incrível como ser humano tem essa necessidade.

Marcos Lima disse...

Texto simples e preciso!

Acho que é por isso que gosto das comunidades do orkut (algumas poucas e boas), pelo fato de elas reunirem pessoas que têm o mesmo gosto que você, e até pra analisar aquilo idolatrado de um outro ângulo: o chamado ângulo alheio!!

Admito que é complicado falar sobre algo que lhe satisfaz, pois, por mais palavras que use, nunca estará sanado o seu desejo de mostrar que aquilo realmente vale a pena de ser visto ou ouvido. A síndrome da perfeição fanática.

Boa noite e sonhe com seus heróis que não morreram de overdose

Marcos Lima, vulgo Senhor do Tempo

Nanael Soubaim disse...

Piú bello, Coniglio! O texto ficou a carinha da Fabiana.
Seguintchê, dois pontosssh: O pensamento deve ser cético, pelo menos para isso a malograda época de ceticismo me serviu. Se consegues ter uma visão de fora daquilo que gostas, passas a gostar mais e ainda falas com autoridade crítica. Lamento assaz que, hoje, só possa ir ao show dos carpenters se Karen baixar num centro espírita.

Nasiso Lizul disse...

O vídeo me fez lembrar de "Curtindo a Vida Adoidado", filme que ainda não me canso de ver sempre que passa na Globo, mesmo com as navalhadas que tanto nela sofrem os bons filmes restam. Muito interessante isso que você disse! Cada vez melhor de ler aqui!

Abraço amigo!

Davi Coelho disse...

É isso, minha gente.
Da vida a gente carrega é isso.
Deus deve ter nos dado um painel em branco pra pintarmos com nossas próprias tintas! [/frase de caminhão]
Beatles, Indiana Jones, Star Wars, Weezer, Strokes, Fandangos, Sexo e Coca Cola.

Beijos.

Glayce Santos disse...

Bom também!

Adorei!

...e não é que é verdade!

O vídeo então, show! Nunca é tarde, descobri the beatles n faz muito tempo. E, tb, n é que os caras são bons?

parabéns

bjs

Anônimo disse...

Eu não soncigo ser imparcial nem gostar pouco das coisas. sou sem-noção e tenho tendência a ser fã. Sorte minha que consigo segurar estes impulsos.... ou quase.
Bjs, Coelhinho!