segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Vergonha alheia

Todo mundo sabe o que é vergonha alheia, não é? É aquela sensação que nos deixa mortificados, não pelos nossos atos, mas pelos atos de outras pessoas. Acontece com você? Comigo é bastante freqüente, embora eu não saiba dizer as razões. Simplesmente fico com vontade de me enfiar num buraco, de tapar os olhos para não ver certos espetáculos grotescos, ou ainda de virar o rosto, contar até dez e pensar noutra coisa. O pior é que nem sempre dá para fugir do que nos deixa embaraçados. O que podemos fazer é tentar achar graça, já que o humor é o que nos salva, sempre.

Eu tenho vergonha alheia de quem:

Toca air guitar;
Grita “Toca Rauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuul!”, nos shows;
Ouve Raul Seixas por livre e espontânea vontade;
Recebe Bolsa Família ou qualquer tipo de ajuda social sem precisar realmente;
Fala “seje”;
Usa os bordões do Chaves;
Fala “a nível de”;
Escuta música ruim no som do carro – e ainda compartilha com todos;
Chama as mulheres de princesa;
Imita o visual de algum pagodeiro ou funkeiro;
Copia o figurino de alguma personagem de novela;
Começa um curso de dança do ventre (ou qualquer outra tranqueira) porque viu na novela;
Usa sandália sem estar com os pés bem feitos;
Só lê auto-ajuda;
Usa calça de cintura baixa e miniblusa sem estar em forma;
Está ficando calvo e puxa os cabelos da nuca para a frente;
Acha os Beatles chatos;
Faz piadinhas infames, como a do pavê ou a do “caiu um lenço”;
Fala “saúde!”, quando ouve alguém espirrar;
Comenta as doenças da família no ônibus;
Corre atrás do ônibus (eu prefiro perder...);
Reclama com quem não pode resolver seus problemas;
Não sabe usar o caixa eletrônico;
Pega todas;
Não pega nem gripe;
Pensa que toda música lenta (em inglês) é sobre amor;
Tatua o nome do atual namorado;
Ainda usa pochete ou aquelas “bolsas de homem”, chamadas de “leva-tudo” ou “capanga”;
Acredita em tudo o que vê na televisão;
Tem pássaros engaiolados em casa;
Deixa o cachorro preso a uma corrente, a vida toda;
Pinta as unhas do pé de vermelho (estilo o caramba, para mim isso vai ser sempre “coisa de velha”);
Tem um quadrinho com os dizeres “Aqui mora gente feliz” em casa;
Ainda corta o cabelo no estilo Xororó;
Anda com as unhas sujas;
Chama desconhecidos de “meu amor”, “meu bem” ou “meu anjo”, ao telefone;
É puxa-saco;
Fica de agarramento em público;
Fala mal do cônjuge (palavra horrível), na frente de qualquer pessoa;
Fala “pra mim fazer”;
Joga lixo na rua;
Trata cachorro como se fosse gente;
Não depila as axilas (se for mulher);
Mandou fita para todas as seleções do BBB;
Dá nomes comuns demais para os cachorros: Rex, Totó, Laica, Lassie;
Coloca nomes americanizados nos filhos;
Trata mal o garçom, o porteiro, a empregada;
É vendedor e trata os clientes como se estivesse fazendo um grande favor;
Voltou de Woodstock a pé;
Tenta converter os outros à força;
Não gosta de Ramones;
Pergunta à professora quantas páginas tem o livro que ela mandou ler;
Deixa os filhos mandarem na casa;
Usa batom vermelho Ferrari às 7 da manhã;
Usa muita bijuteria dourada (fica parecendo a cigana Sandra Rosa Madalena!);
Cospe na rua – e fala “gospe”;
Fala o que vai fazer no banheiro;
Pergunta o que os outros vão fazer no banheiro;
Chama salgadinho de “Chips” e sabão em pó de “Omo”;
Cutuca o nariz enquanto espera o sinal abrir;
Conta detalhes da sua vida sexual;
Pinta o cabelo de loiro e depois não tem dinheiro para fazer os retoques necessários;
Manda bilhetinhos com frases melosas, como: “Se amar é viver, vivo porque amo você”;
Deixa a unha do mindinho mais comprida do que as dos outros dedos;
Briga em liquidações;
Fala alto demais;
Grita “Lindo! Tesão! Bonito e gostosão!”, nos shows;
Canta “Fulaninho, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!”, nos shows;
Berra “Aumenta, que isso aí é rock’n’roll!”, nos shows;
Dá o “golpe da barriga”;
Cai no “golpe da barriga”;
Quer competir com as filhas adolescentes;
É mulher e é machista;
Tem celular, mas só recebe ligações ( o cúmulo da pobreza e da falta de noção);
É Maria-gasolina, Maria-chuteira ou Maria-vai-com-as-outras;
Fica feliz por ser chamada de cachorra, tchutchuca, ordináááááária, ou qualquer outra vulgaridade do momento;
Selecionou o Sérgio Mallandro (!) para fazer papel de galã (!!) no filme da Xuxa;
Leva coisas pequenas muito a sério.

A lista ainda não terminou. A qualquer momento, alguém vai me surpreender com mais alguma aberração. É a vida...

7 comentários:

Luana! disse...

A vergonha é duzôtro, mas nós que sentimos. Barbaridade!
Tenho vergonha dos emo(rróidas).
aahaha

=**

Melissa de Castro disse...

Nossa, sinto vergonha alheia sempre também.

Você nunca vai me ver correndo atrás de ônibus também, Luna. Afinal, sou uma moça elegante que está sempre de salto e JAMAIS corre.

Agora, eu acho Beatles chato. Ninguém é perfeito, né? =P

Amei o texto! Muito divertido!

Rafaela disse...

Adorei! Sinto muita vergonha alheia! Desde pequena eu já tinha vergonha do Sérgio Mallandro em Lua de Cristal (ecaaaaaaaaaa, pessoal sem noção!).

Luna disse...

Eu tenho pra mim que quem escolheu o Sérgio Mallandro foi a Marlene Mattos. E ela não entende nada de homem, néam?

Se bem que a Xuxa nunca acerta no galã... Até o Daniel já fez par romântico com ela. Daniel é uó!

No próximo, sugiro o Cumpádi Washington!

Fabiana disse...

OOOOOOOOOOOOOOOOOOpa!! O Sérgio Mallandro foi o amor da minha infância, não ouse falar mal dele
>(.

Eu corro atrás de ônibus, e sou completamente sem noção.

Luna disse...

Eu não falo mal do Sérgio Mallandro se ninguém ousar falar mal da Xuxa! :P

Eu também sou sem noção, mas gosto de criticar os outros. É a vida...

Anônimo disse...

Eu tenho vergonha de quem usa unhas decoradas.