quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Meu Refrão

Nem é preciso rodar muito pra ouvir alguém soltar a lamúria “Ai, o dia devia ter mais que 24 horas”. E pela primeira vez em 21 anos eu sinto isso com uma nitidez inquietante.

O dia de fato precisa ser um pouco maior. É que tem tanto a ser lido, tanto a ser visto, tanto a ser construído, conquistado, apreciado, que não cabem nessas 24 horinhas de merda. Excluindo-se o fato de que precisamos de algumas dessas horas pra dormir – coisa que deliberadamente considero um desperdício.

Pois bem, sempre fui uma completa mula quando se trata de cronometrar funções no dia. “Compromissos da semana”, “Coisas a fazer no Dia de Finados”... Ora, pra que cargas d’água regular cada milésimo de segundo, meu Brasil? Desse jeito parece ter um general comandando a vida do sujeito a plenos poderes. O jeito é ir desempenhando as tarefas ao melhor modo “Deus proverá”.

Depois, ando caindo de sono. Basta achar um canto onde eu possa me encostar que logo desabo. Mamãe diz que eu sofro de Síndrome da Cerca Velha, por viver me escorando. E o sono é um moleque birrento. Se ele se manifestar e for ignorado, logo o danado retorna em forma de uma dor de cabeça encomendada pelo próprio demo.

Diante das desumanas obrigações que a Universidade, o Trabalho e os cursos acumulam, a vida em si fica pra segundo plano. Não dá pra tirar duas horas pra ver um filme, nem quatro horinhas pra fornicar, nem muito menos alguns minutos pra cultivar o ócio.

Essa mané Responsabilidade deve ser uma senhora buçuda, com um penteado da década de 50 e vestido de bolinhas, que foi se instalando na minha vida como uma praga. Basta que eu surrupie alguns minutos pra coçar, que ela põe as mãos na cintura e esbraveja: “Procura estudar, rapaz! E quanto às pendências que você deixou no serviço, hein? Porque você não procura prestar um concurso público? Nem pensar em cinema, meu jovem! Já esqueceu da prova de História Colonial??”.

E é quando recuso o convite dos amigos pra ficar e tomar mais uma, que a ficha cai e eu concluo: “Meu Deus, virei adulto!”.

7 comentários:

Luna disse...

O pior não é o dia ter só 24 horas. O pior é que, dessas 24, gasta-se muito tempo trabalhando. E quando se está no trabalho, as horas se arrastam. Basta a gente se dedicar ao ócio, e o tempo voa!
Injusto, muito injusto!

Carol Fonseca disse...

Poatzzzzzz.... eu tbm virei adulta faz anos e ainda nem me dei conta!! hahahahaha
Bjinhosss

Melissa de Castro disse...

Ser adulta é uma chatice. E a responsabilidade é igual bichinho do pigarro... rsrsrs.

E eu concordo com tudo no texto. Absolutamente tudo, senhor Coelhoso!

Rafaela disse...

A ficha ainda tá caindo pra mim =P

Anônimo disse...

A gente tem que aproveitar cada segundo da imaturidade. Depois, vem aquelas melecas de gente grande (contas, impostos, check-ups médicos. Eca.)assombrando a vida.
Que saudade dos 21, quando o céu era uma maratona de animês regada a Refri e Miojo...

Marcos Lima disse...

Era disso que eu falava dia desses. O dia está voando. 24 horas parecem 24 minutos. Estamos perdendo nosso precioso tempo, por causa das outras atividades que também necessitam de tempo. E dormir realmente é desperdício. E ficar acordado quando se tem esse mundinho chamado internet é "o melhor ócio a que tínhamos direito".
Pelo menos pra uma coisa essa história de tempo ficar insuficiente serviu:

# Realmente, virei um adulto!!

Abraços

Mandinha disse...

Afff, nem me fala em ficar adulta!

Não vivo sem planejar tudo que vou fazer! Tá bom, tá bom, sou virginiana, mal da minha vida, eu planejo até passeio no zoológico, mas isso também é influência da minha mãe, e olha que ela é canceriana!