quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Eu não vi "Tiros em Columbine"

Essa semana eu pensei:

"O que nos leva à tomar atitudes? O que realmente move o ser humano?"

A pergunta é simples. Mas a resposta é uma das mais complexas.

Seria impossível contemplar todas as possibilidades dessa pergunta em um único texto.
Tentarei ser breve, embora isso seja difícil.

Começamos tendo que pensar em que tipo de atitude estamos pensando.

Atitudes como "levantar para ir pegar comida" ou "para ir ao banheiro", são meras necessidades fisiológicas, motivadas pelo funcionamento normal do corpo.

Outras, como "ir trabalhar" ou "ir à escola", já são um pouco mais complexas, porém, ainda estamos falando de necessidades estruturais. "Ir trabalhar" tem a ver com necessidade fisiológica, porque através do trabalho conseguimos dinheiro para (a priori) comprar comida, arrumar um teto, etc. Além de ser obrigação social.

"Ir à escola", por sua vez, é ligado ao "ir trabalhar", pois precisa-se ter estudo pra conseguir um bom posto de trabalho, para assim ter um bom pagamento, para assim poder ter uma boa vida. Obrigação social novamente.

Mas quero me referir realmente às atitudes impensadas, ou às atitudes que não seriam necessidades fisiológicas, ou sociais.

O grande ponto é que, em grande parte das vezes (as exceções são desvios de comportamento, ou patologias sérias, como a esquizofrenia), essas atitudes são impensadas, ou imprevistas, para quem olha de fora.

Pra quem vive, e toma aquela atitude, não existe nada fora do lugar.

Tudo é premeditado. Claro, NUNCA sairá tudo exatamente como planejado. Porque por mais que se planeje, ninguem vive numa ilha, sozinho. As pessoas que podem estar relacionadas ou não ao evento, podem interferir nele.

O ponto primordial do pensamento é: TUDO É PREMEDITADO.

Se não por mim, pelo outro.

O que motiva, em qualquer caso, pode ser qualquer coisa.

Me vem à cabeça a estória dos meninos de Columbine, nos Estados Unidos.

Marilyn Manson os influenciou? Dificilmente. As letras de Manson são um tanto quanto bizarras, mas não incitam a violência. São canções realmente de ódio à sociedade. Americana.

Jogos, influenciam? Dificilmente. Quem joga, sabe que isso é uma grande besteira. O que realmente acontece é que a pessoa "descarrega" a agressividade. Claro, houve casos de violência devido aos jogos. Mas casos isolados, de puro vício pelos games, ou seja, uma crise de abstinência. Claro que logo após o jogo, a pessoa fica agitada. Mas isso passa em 10 minutos.

Filmes, influenciam? Se influenciassem, haveria toneladas de "Jasons" ou "Freddy Kruegers" pelo mundo todo.

Ou seja. Nesse caso, antes de se botar a culpa em outros, ou seja, em algo externo, deveria se procurar dentro dos próprios garotos o problema. Claro, como eles se mataram, é impossível. Mas entendendo a estória, vê-se que eles direcionaram o ódio deles para a fonte de seus problemas.

Os filmes, o jogo, e a música, só fizeram passar pra eles uma imagem de si mesmos de heróis. Sim, heróis.

Eles viam a si mesmos como heróis. Sabiam que teriam que morrer no final. Como todos os heróis morrem.

Heróis de verdade.

Estavam lutando contra aquilo que não estava certo no mundo. No caso, a sociedade, representada microcosmicamente na escola.

Aonde eles eram tratados como animais. Apenas por serem diferentes.

Se fosse um adulto fazendo tal coisa, seria feito um filme mostrando como o americano tem vocação pra herói.

Como foram crianças, foi uma tragédia.

Mas ninguem parou pra pensar que eles foram heróis?

Não, ninguem. Precisou se arrumar um Cristo, para mostrar que eles não tinham culpa.

ELES, pais, familia, sociedade hipócrita.

Os verdadeiros vilões, que os garotos queriam combater.

Mas foi mais fácil arrumar um bode expiatório, pra queimar na fogueira das vaidades de um país doente.

Não somos diferentes, aqui no nosso país.

É mais fácil culpar o governo, por mazelas que o povo passa, do que essa sociedade doente.

O Governo não é bom. Nunca foi. Nem nunca será.

Porque ele mesmo é a sociedade.

2 comentários:

Vivi disse...

Muito bom Fió!!

Nossa sociedade nos cobra respostas SEMPRE!
É muito fácil falar mal do governo, justificar acontecimentos bárbaros... o que ninguém faz (ou pq não quer ou pq não parou para pensar e na maioria dos casos nem irá fazer)é contribuir para que a sociedade (nós!!!)tenhamos uma vida melhor.

Beijos.

Melissa de Castro disse...

Fio, que texto mais filosófico!
Adorei!